Vamos direto ao ponto. A palestra não era sobre UX. Era sobre, eu, você… e essa relação clandestina que mantém com a IA todos os dias.
Sara Vienna, diretora de design da Metalab, subiu ao Web Summit para apresentar a palestra O relacionamento invisível com a IA… um mergulho direto na forma como humanos e máquinas já convivem sem admitir. Com a experiência de quem cria produtos usados por milhões, ela desmonta ilusões, expõe riscos e mostra por que o futuro do design exige menos pressa e mais lucidez.
Gosta dela.
Desconfia dela.
Precisa dela.
Finge que controla.
E ela, educada, finge que deixa você acreditar nisso. A provocação começa aqui… não dá mais para tratar esse relacionamento como passatempo tecnológico. A velocidade é tão absurda que já não existe tempo para digestão. A IA virou moto. Acelera bonito, mas se derrapa, machuca cultura, comunidade e mundo inteiro.
E a pergunta é simples… quem está segurando o guidão? O discurso desmonta a fantasia do “move fast”. Essa era morreu. Só não avisaram o pessoal que ainda trata a IA como brinquedo de laboratório. E aí entra a parte que ninguém gosta de ouvir… toda ação tem consequência. Não existe botão neutro. Cada interface que você cria conecta ou divide. Aproxima ou destrói. Aproxima ou manipula.
Para piorar, o mundo está inundado de conteúdo tóxico. Slop infinito. Um mar de imagens baratas, memes esquisitos, estéticas que parecem sonhos febris. É a era do tudo igual. O algoritmo vomita e a maioria engole.
Mas aí vem o tapa… só engole quem não edita.
A crítica é certeira… falta gente que diga não. Falta gente que tenha coragem de cortar. De filtrar. De assumir que qualidade virou ato político.
A segunda grande paulada é sobre valor. Não o valor de slide bonito. O valor que resolve. O que devolve tempo. O que retira peso. O que faz a vida andar. Interfaces que irrigam plantações, disparam foguetes, mostram sua idade epigenética ou limpam sua sala sem pedir aplauso.
Valor que funciona.
Valor que não posa.
Valor que entrega.
Depois vem a parte mais delicada… confiança.
Ver já não é acreditar. A IA edita o real como se fosse papel molhado. E você continua navegando como se nada estivesse acontecendo.
Plataformas precisam provar que merecem estar na vida das pessoas. A confiança não nasce. É conquistada. E ela se ergue com transparência, responsabilidade e sim, limites.
Mas o elemento mais provocativo é a virada final.
A morte do pixel perfeito.
Adeus, interfaces engessadas.
Adeus manuais gigantes.
Adeus controle absoluto.
O mundo agora é generativo. As marcas respiram. Os sistemas mudam. A interface se adapta. A estética é organismo.
Quem continuar pintando tela como se fosse quadro vai desaparecer.
E o fecho é um manifesto…
Se você ignora o lado sombrio daquilo que projeta, já perdeu.
Se não protege tempo e saúde mental das pessoas, está contribuindo para o colapso.
Se não entrega valor de verdade, vira ruído.
Se tira o humano do circuito, a tecnologia te engole.
A síntese é brutal… O futuro já está chegando rápido demais. A única escolha que resta é se você vai dirigir ou pegar carona.