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O Cérebro por Trás dos Agentes

A palestra de Philip Rathle, CTO da Neo4j, no WebSummit Lisboa 2025 foi sobre tecnologia com poder. Ele abriu perguntando quem está no volante quando colocamos agentes de IA para decidir por nós. A plateia riu, mas era daquele riso de quem sabe que está brincando com dados.
Rathle soltou a real, sem rodeios. A IA hoje é um jogo de dados, literalmente jogamos os dados na mesa e torcemos para cair a face certa.

O problema é que, às vezes, os dados caem do lado errado. E ele trouxe o clássico dilema hollywoodiano, aquele que todo engenheiro pensa mas não fala… oitenta e cinco por cento de chance de curar o câncer, zero vírgula zero um por cento de chance de dominar o mundo. A conta fecha? Fecha… até alguém perder a mão. A provocação dele foi que a IA não falha porque falta força, mas porque falta contexto. Falta conhecimento. Falta conectar os pontos. É como montar uma orquestra com músicos que nunca ensaiaram juntos. Cada agente vendo um pedaço da história, interpretando sozinho, confundindo maçã com maçaneta, cliente com CPF, problema com sintoma. E o caos se instala.
Philip mostrou o mapa do caos com a precisão de quem opera no backstage das gigantes. Falou da falta de discernimento dos modelos, da caixa preta, da ilusão perigosa de que basta jogar mais dados no prompt para obter clareza. Pelo contrário… quanto mais dados, mais ruído. Informação demais vira fumaça. E é aí que aparece o pulo do gato.

Uma saída que ele trouxe é quase filosófica. Ele diz que o futuro dos agentes depende de uma camada invisível mas poderosa chamada knowledge layer. Uma camada que faz o que CEOs pedem e equipes técnicas ignoram… transformar dados em conhecimento. É o cérebro da operação. É o mapa que tira o agente da cegueira. É onde a empresa decide que 1% dos dados vale mais do que os outros 99%.

E foi aqui que a Neo4j brilhou. Ele mostrou como um knowledge graph cria algo que os LLMs não entregam… contexto vivo, conectado, explicável. Nada de caixa preta. Nada de “confia em mim”. O grafo revela relações, mostra o caminho, permite que humanos e máquinas conversem na mesma sintonia. Do ponto de vista corporativo, é quase poesia. Walmart usa para mapear carreiras de 1,6 milhão de funcionários. Uber usa para entender o labirinto de produtos e cidades. Adobe usa para responder perguntas tão complexas que nem analista sênior queria enfrentar.
Philip trouxe ainda uma das frases mais fortes do palco. Não sobre Neo4j, mas sobre o rumo da IA. “Quem constrói agentes precisa acessar o web em tempo real e todo o Enterprise Knowledge Graph.” Não foi um técnico dizendo isso. Foi Satya Nadella. O homem que descreveu o próximo capítulo da IA empresarial.
Rathle faz a volta completa. Ele começou perguntando quem está no controle. Ele termina dizendo que o controle só existe quando você coloca conhecimento no comando. Quando você cria um sistema que permite aos agentes não apenas agir, mas entender. Ele encerra desejando smooth sailing, aquela navegação tranquila que só existe quando o capitão enxerga o horizonte e sabe onde está cada estrela.

A verdade é que essa palestra foi menos sobre IA e mais sobre maturidade. Sobre assumir que dados soltos não servem. Que empresa sem grafo fica cega. Que agente sem contexto vira risco. E que, no fim do dia, quem manda não é a tecnologia… é o conhecimento.

Legenda da foto

Philip Rathle, CTO da Neo4j, no Developer Summit Stage durante o Web Summit 2025 em Lisboa, capturado no momento em que explicava por que conhecimento e contexto são o novo motor dos agentes de IA. Foto de Paul Devlin, Web Summit via Sportsfile.

Marco Marcelino

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