Há quem enxergue tecnologia. Há quem enxergue números. E há quem enxergue movimento. Diego Barreto está na nossa capa porque faz parte desse último grupo, o que entende que o Brasil não é uma planilha, é um organismo vivo. O recorde do iFood na Black Friday, com 3,8 milhões de pedidos e 2.640 entregas por minuto, não é sobre velocidade. É sobre leitura. Ler o país, ler o comportamento das pessoas, ler aquilo que ninguém vê no meio do barulho.
O iFood opera em um campo onde tempo e atenção valem mais do que qualquer arquitetura de software. Entregar três mil pedidos por minuto só parece logística para quem nunca olhou dados com profundidade. Na prática, é ler o clima, o bairro, o trânsito, a renda, o padrão das conversas, o bolso apertado do fim do mês e a pressa de uma família tentando resolver a vida numa noite comum. É entender que comportamento não é aleatório. É matemática emocional. É ciência social aplicada em escala industrial. Enquanto boa parte das empresas ainda trata dado como auditoria de fim de mês, o iFood o trata como fluxo sanguíneo. Cada toque na tela vira probabilidade. Cada cancelamento vira aprendizado. Cada rota vira teste. Cada minuto vira diagnóstico de país. É assim que se cria vantagem. Não com máquinas brilhantes, mas com capacidade de transformar informação em leitura antecipada.
E essa é a parte mais fascinante da história. O iFood não virou referência global por entregar comida, virou por entender gente. Por operar na fronteira onde economia, hábito e tecnologia se misturam. Por provar que o Brasil pode sim criar sistemas complexos, eficientes e escaláveis, quando a inteligência não é terceirizada para fora, mas construída aqui, com quem vive a realidade do país todos os dias.
O que vemos no recorde da Black Friday não é apenas uma estatística. É o retrato de um Brasil que está deixando para trás a síndrome de que inovação só nasce em outro lugar. É a confirmação de que sabemos competir em arenas grandes quando paramos de copiar modelos de fora e começamos a olhar para nossos próprios sinais.
Para quem trabalha com inteligência e mercado, como nós, assistir a esse movimento é quase como ver o futuro se materializar em tempo real. E o mais simbólico é que esse futuro, desta vez, fala português.
Nada supera quem lê o Brasil enquanto ele acontece. E poucos leem tão bem quanto Diego Barreto e o iFood. O resto é mito. O dado, quando bem usado, sempre entrega a verdade. Sempre.