Volume recorde de passageiros contrasta com queda nas reservas globais
O setor aéreo internacional apresenta sinais consistentes de desaceleração em 2025. Nos Estados Unidos, empresas como Delta, American Airlines e United Airlines reduziram suas projeções financeiras diante de uma demanda mais fraca. A Delta, que mantinha boa performance no segmento premium, agora enfrenta reservas abaixo do esperado e ações em queda, acumulando desvalorização de 38% no ano. American e United recuaram 45% e 40%, respectivamente, refletindo o impacto de um cenário macroeconômico adverso e mudanças no comportamento do consumidor.
Entre os fatores que pressionam o setor nos Estados Unidos e Europa estão a queda na confiança do consumidor, políticas protecionistas e a desaceleração do turismo internacional. Dados da Cirium apontam para uma retração de 13% nas reservas entre EUA e Europa para o período de junho a agosto, em comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. A combinação entre inflação persistente, tarifas comerciais, cortes de orçamento público e incertezas políticas afeta diretamente a disposição para viagens, inclusive de clientes tradicionalmente mais dispostos a gastar, como os do segmento corporativo e da terceira idade.
Executivos do setor também reportam diminuição relevante no volume de viagens patrocinadas por governos e instituições públicas, historicamente representativas em receitas. Além disso, analistas já consideram a possibilidade de um impacto estrutural na demanda por viagens corporativas, com a continuidade de cortes de gastos e reconfiguração de prioridades nas empresas.
Enquanto o mercado global opera sob instabilidade, o Brasil mantém trajetória de crescimento. Em 2024, foram registrados 118,3 milhões de passageiros transportados no país, sendo 24,9 milhões em voos internacionais. O número representa o maior volume já alcançado em viagens ao exterior por brasileiros, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Esse desempenho contrasta com a retração observada em mercados maduros e reforça o atual protagonismo da aviação comercial brasileira na América Latina.
Esse movimento é impulsionado por uma combinação de fatores locais, como a retomada da conectividade aérea, ampliação de rotas internacionais por companhias brasileiras e o fortalecimento da demanda regional. A performance sustentada pode gerar vantagens competitivas para operadores locais, inclusive no médio prazo, diante da reorganização das redes globais de transporte aéreo.
O cenário atual abre oportunidades para empresas que atuam em serviços relacionados à aviação no Brasil, desde companhias aéreas até fornecedores de tecnologia, logística, infraestrutura aeroportuária e programas de fidelidade. O desempenho do setor nacional, em contraste com o ambiente externo, reforça a resiliência e o potencial de expansão da aviação brasileira.