A Volkswagen do Brasil está ampliando sua aposta na produção nacional como pilar de competitividade, inovação e geração de valor. Com investimento de R$ 20 bilhões programado para a América do Sul até 2028, sendo R$ 16 bilhões destinados exclusivamente ao Brasil, a montadora reforça sua estratégia de verticalização da cadeia automotiva local diante do avanço de montadoras chinesas e das discussões tarifárias em torno da importação de veículos elétricos. Apenas em 2025, a empresa projeta comprar R$ 26,3 bilhões em peças produzidas localmente, movimentando diretamente centenas de fornecedores brasileiros.
A estratégia é sustentada por um índice de nacionalização que chega a 85% em modelos como o Volkswagen Tera, desenvolvido e produzido integralmente em território nacional. O lançamento do veículo gerou 260 empregos diretos na planta de Taubaté e aproximadamente 2.600 empregos indiretos, reforçando o impacto da produção automotiva na economia real. Ao todo, um automóvel fabricado no Brasil mobiliza mais de 3 mil componentes, ativando diferentes segmentos da indústria e tecnologia local.
Apesar de operar 39 fábricas na China e ter capacidade de importar veículos finalizados ou semidesmontados, a montadora optou por preservar a produção local. A decisão acompanha a posição das principais fabricantes instaladas no País, que manifestaram, por meio de carta ao governo federal, preocupação com a redução tarifária solicitada pela BYD. Embora o governo tenha rejeitado o pleito integral da montadora chinesa, autorizou uma cota temporária de importação com alíquota zero para determinados modelos, acirrando o debate sobre previsibilidade regulatória e isonomia concorrencial.
Atualmente, o Brasil representa o terceiro maior mercado da Volkswagen em volume de vendas no mundo, e responde por 11% do total de veículos produzidos globalmente pela companhia. A manutenção dessa relevância depende, segundo o CEO Ciro Possobom, da estabilidade das regras do jogo. Ele alerta que mudanças abruptas nas políticas industriais podem comprometer decisões de investimento junto à matriz, sobretudo quando concorrentes com estruturas essencialmente importadoras passam a operar com incentivos fiscais e sem obrigações produtivas locais.
O posicionamento da Volkswagen não é uma reação protecionista, mas um movimento baseado em dados concretos sobre geração de empregos, arrecadação tributária e desenvolvimento de tecnologia. A empresa defende que novas entrantes sejam bem-vindas, desde que sigam as mesmas condições estruturais, contribuindo para a base produtiva nacional. O objetivo não é apenas disputar vendas, mas fortalecer o ecossistema industrial brasileiro como um todo, garantindo retorno econômico sustentável para o setor.