Se eu te dissesse que no futuro a sua casa poderia ter spa para seu pet, um refúgio de luxo só para o seu cãozinho ou gato, e um simulador de Fórmula 1 no subsolo, você riria. Pois esse futuro já é presente. Marcas de hotelaria, design, moda e automóveis disputam fatias desse mercado de residências marcadas, branded residences, onde cada imóvel é um manifesto de estilo e poder.
Em Dubai, em Nova York, em Marbella, elas pipocam. Residências com chefs Michelin, carros que sobem de elevador até o apartamento, interiores assinados por Dolce & Gabbana, spa para pets, serviços de concierge que rivalizam com hotéis cinco estrelas.
Há quem chame isso de exagero. Eu prefiro chamar de disrupção do conceito de lar. Quando sua casa incorpora o que se esperaria de um resort de luxo extremo, o imóvel deixa de ser refúgio íntimo e passa a ser vitrine. Não apenas de quem você é, mas de quem você deseja ser percebido.
Os dados sustentam essa audácia. Hoje existem mais de 700 branded residences operando no mundo, um aumento de 180% na última década. O preço segue a mesma curva. Comparadas a imóveis comuns, essas moradias carregam um prêmio de até 33% apenas por ostentar a marca. Em Dubai, esse extra dispara para 69% por metro quadrado. Mesmo assim, as vendas subiram 44% em 2024.
Você pode pensar: quem compra essas casas? São os superricos globais. Para eles a moradia não é destino, é palco. O imóvel é parte de um portfólio de status. Não basta localização prime, é preciso aura de etiqueta suprema.
Mas nem toda grife entende de edifício residencial. Um carro de luxo domina engenharia automotiva, mas sabe de manutenção predial, gestão hoteleira, serviço 24 horas, zeladoria, atendimento a pet spa. Esse é o risco. O deslize entre promessa e entrega pode ser fatal em mercados de luxo. Alguns jogadores ainda não percebem que a marca na fachada é apenas metade da obra.
E o Brasil assiste a tudo isso como espetáculo distante, começa e se mexer e prepara superprojetos nas suas capitais. Claro que, para uma classe nova de ativos, ter o suporte profissional é mandatório.