A indústria têxtil europeia movimenta cerca de R$1,5 trilhão por ano e emprega mais de 1,7 milhão de pessoas em toda a União Europeia. Em 2025, o setor registrou crescimento de 2,3%, impulsionado pela recuperação do consumo interno e pela adoção de tecnologias de automação na cadeia produtiva. No entanto, a expansão foi ofuscada pelo avanço das plataformas chinesas de ultra-fast-fashion, lideradas por Shein e Temu, que já respondem por 18% das vendas de vestuário online na Europa.
Empresas tradicionais relatam redução média de 9% nas margens de lucro desde 2023, pressionadas por preços até 60% inferiores praticados pelas concorrentes asiáticas. A Confederação Europeia da Indústria Têxtil (Euratex) estima que, se mantida a tendência atual, o share das marcas locais no e-commerce de moda cairá de 45% para 37% até 2027. O setor pede à Comissão Europeia medidas regulatórias que incluam controle alfandegário mais rígido e revisão das isenções fiscais aplicadas a importações de baixo valor.
A Shein, avaliada em cerca de R$470 bilhões, tem ampliado a penetração nos principais mercados europeus com crescimento médio anual de 25%, enquanto varejistas locais como Inditex e H&M operam em ritmo inferior a 5%. A disputa evidencia uma reconfiguração estrutural do varejo têxtil global, com impacto direto sobre a produção, o emprego e a balança comercial do bloco europeu.