Em 2006, as marcas ainda controlavam o megafone. O consumidor ouvia, acreditava, e comprava. O digital começava a engatinhar e o “usuário” era apenas um espectador com um login. O palco era das fábricas, das agências, dos slogans bem lapidados. O público aplaudia de longe.
Mas o tempo, esse roteirista implacável, trocou os papéis. Hoje, o palco é de quem tem coragem de se mostrar vulnerável, criativo, humano. O influenciador virou criador. O criador virou empresa. E o público, antes plateia, virou coproprietário da narrativa.Khaby Lame não precisou dizer uma palavra para se tornar o rosto mais reconhecido da internet. Seu silêncio virou idioma global. Seu gesto simples virou símbolo de algo muito maior… autenticidade. Enquanto o mundo grita, ele cala e entrega valor. E é justamente aí que mora o recado para as marcas, o valor não está mais no volume, mas na verdade.
No Web Summit, Khaby lembrou que não começou pensando em contratos, mas em fazer as pessoas rirem. O negócio veio depois, como consequência da entrega genuína. É a velha lógica do ofício bem feito: quem põe o coração no que faz, atrai o dinheiro como eco do propósito.
O mundo mudou, mas muitas fábricas ainda insistem em medir relevância por planilhas de CPM e alcance. Olham o criador como mídia, quando deveriam enxergar como matéria-prima. A fábrica produz em série, mas o criador produz conexão. Um vídeo pode vender mais do que uma campanha de um milhão, se houver verdade.
As marcas que entenderem isso cedo estarão fabricando futuro. As que não entenderem, continuarão fabricando estoque.
Khaby encerrou sua fala com simplicidade… confie em Deus, siga, e não se compare. O limite dos outros não é o seu. Talvez esse seja o maior ensinamento para a indústria, deixar de olhar o criador com o olhar do controle, e começar a enxergar com o olhar da fé. Porque o silêncio de Khaby fala mais alto que qualquer briefing.