Liderar nunca foi sobre mandar. É sobre traduzir o futuro antes que ele chegue.
Sobre enxergar o que ainda não existe — talento em construção, propósito em formação, coragem em silêncio.
Durante o HSM+ 2025, Ricardo Basaglia, CEO da Michael Page, compartilhou uma visão que ressignifica o papel da liderança: transformar a fotografia estática do passado em um filme vivo, em movimento constante.
Carreira, para ele, não é um diploma pendurado nem um título a ser exibido, mas um laboratório em construção — um espaço para errar, aprender e começar de novo.
O futuro não pertence aos que acumulam conquistas, mas aos que mantêm a curiosidade acesa e a humildade ativa.
Adaptação: o novo músculo da liderança
A liderança de alta performance nasce da fricção — do atrito entre quem somos e quem precisamos nos tornar.
Basaglia lembra que o sucesso deixou de depender apenas do QI ou do QE e passou a exigir um novo parâmetro: o quociente de adaptabilidade.
Adaptação não é talento; é treino.
E treino exige desconforto, feedbacks duros, aprendizados incômodos e a coragem de desmontar velhas certezas.
“O mundo contrata pela foto, mas a vida cobra o filme”, resume.
Humildade: o checkpoint invisível
Entre as reflexões que ecoaram no evento, uma delas é a que Basaglia chama de “check-ins de humildade.”
A arrogância externa destrói relações; a interna destrói o aprendizado.
Líderes que acreditam que já chegaram ao topo param de ouvir — e, com isso, de evoluir.
A humildade é o novo checkpoint da performance.
Reaprender, hoje, é um ato de liderança.
Liderar é diminuir atrito
O papel do líder não é criar processos, é criar fluidez.
Reduzir o custo emocional entre pessoas, simplificar conversas e acelerar decisões.
Equipes não querem chefes — querem diretores de energia: gente que clareia, que conecta, que resolve.
Liderança é sobre ritmo e leveza, não sobre controle.
A nova régua da produtividade
Com a chegada da Inteligência Artificial, o desafio não é fazer menos, mas entregar melhor.
A tecnologia não substitui pessoas; substitui padrões ultrapassados.
Ela não reduz trabalho — redefine o que é excelência.
O futuro não vai demitir quem erra, mas quem para de aprender.
Cultura, gerações e o poder de dizer “não”
Basaglia também falou sobre o papel da liderança diante das novas gerações — um equilíbrio delicado entre liberdade e limite.
Cuidar é também confrontar.
A disciplina nasce das pequenas frustrações que moldam a resiliência.
Líderes que protegem demais seus times os tornam frágeis diante da realidade.
Alta performance nasce de ambientes onde o “não” também ensina.
Zerar o ranço, reacender o propósito
Outro ponto forte foi o conceito de “ranço corporativo” — aquele desgaste invisível que corrói a energia das equipes.
O líder de hoje precisa aprender a zerar o ranço: abrir conversas, confrontar ruídos, reconstruir confiança.
Empresas não quebram por falta de talento, mas por falta de diálogo.
Quando a energia flui, o propósito reaparece.