Compartilhe com sua comunidades

Escalada das tarifas nos EUA ameaça redes globais de chips e tecnologia

Fabricantes avaliam impactos bilionários e buscam alternativas de produção

As novas propostas de tarifas sobre semicondutores, cogitadas pelo governo dos Estados Unidos, reacenderam os alertas em toda a cadeia global de tecnologia. O setor, que já opera sob pressão com taxas que variam de 20% a 32% sobre equipamentos de fabricação, pode sofrer novo impacto com a possível taxação direta dos chips prontos importados. A medida, ainda em discussão, pode atingir o centro das operações de empresas norte-americanas que dependem dessas peças para sustentar desde datacenters de inteligência artificial até dispositivos de consumo.

A ideia de ampliar as tarifas sobre semicondutores não é nova. Em janeiro, o ex-presidente Donald Trump mencionou a possibilidade de taxas de até 100% sobre chips vindos de Taiwan, país onde está sediada a TSMC, maior fabricante de semicondutores do mundo. O anúncio de um investimento de US$ 100 bilhões da TSMC em fábricas nos EUA amenizou a tensão, mas a retomada do discurso protecionista reacendeu as especulações.

Cálculos recentes da Tom’s Hardware apontam que uma tarifa de 25% sobre GPUs de IA da Nvidia pode representar um custo adicional de mais de US$ 3 bilhões apenas na infraestrutura da xAI, empresa de Elon Musk. O impacto recai diretamente sobre o preço final dos produtos, o que compromete a competitividade mesmo em mercados internos.

A pressão tarifária não se limita a tecnologias de ponta. Notebooks de entrada, smartphones e servidores básicos também enfrentam aumento de custos em escala. Para fabricantes que operam com margens otimizadas por produção globalizada, repassar esse custo ao consumidor é o único caminho viável, dado o volume das operações envolvidas.

Empresas como Apple, que perderam mais de US$ 300 bilhões em valor de mercado após os anúncios iniciais das tarifas, buscam soluções logísticas e fiscais para redesenhar sua cadeia produtiva. Um dos caminhos cogitados seria deslocar a montagem de determinados produtos para fora da Ásia, com o Brasil figurando entre os destinos possíveis para novas instalações de montagem, como alternativa ao aumento das taxas.

O reposicionamento estratégico passa pelo entendimento de que a cadeia de suprimentos de produtos como o iPhone é distribuída globalmente. Os componentes são oriundos de dezenas de países, e a centralização completa nos Estados Unidos implicaria não apenas custos logísticos e trabalhistas mais altos, mas também obstáculos estruturais de infraestrutura e mão de obra especializada.

A meta oficial é reduzir a dependência externa e estimular a produção nacional de semicondutores e eletrônicos avançados. No entanto, especialistas do setor alertam para o risco de desorganização de uma cadeia interdependente, cujos fluxos produtivos exigem escala, previsibilidade e acesso irrestrito a fornecedores globais. A adoção de tarifas mais amplas, sem contrapartidas produtivas internas de curto prazo, pode gerar efeitos contrários aos desejados.

Gustavo Fleming Martins

Informação valiosa, 
no tempo certo

Assine nossa newsletter

Anúncio

Eu já chorei escutando Alcione Albanesi. Chorei e não larguei o lápis, como quem precisa continuar desenhando uma história viva enquanto ela passa diante dos olhos. Porque quem escuta Alcione,...
Durante muito tempo, marketing foi sinônimo de intuição, sensibilidade e criatividade. E ainda é. Mas, hoje, nenhuma dessas qualidades se sustenta sem um pilar sólido de dados....
Sempre estive envolvido com comunicação e inovação. Mas a história da THE LED, e a minha com o retail media – uma forma de publicidade onde os varejistas vendem espaços...
Nem sempre é o sabor que fideliza. Às vezes, é o ritual. O anúncio do novo cardápio no domingo à noite. A ansiedade coletiva por algo efêmero. O vídeo no...
A RSA Conference 2025 não foi apenas um encontro técnico em São Francisco. Foi um aviso claro, e sofisticado, de que cibersegurança deixou de ser firewall para se tornar fundamento....