Proposta visa armazenamento fora da Terra com foco em energia solar e segurança
O crescimento da demanda por infraestrutura computacional impulsionada pela inteligência artificial levou empresas e governos a buscar soluções fora do planeta. A Lonestar, companhia norte-americana com atuação em armazenamento de dados, iniciou testes de envio de servidores à Lua com apoio da Intuitive Machines e lançamento pela SpaceX. A meta é iniciar operações comerciais em 2027, posicionando a empresa entre os pioneiros na implantação de data centers fora da Terra.
A proposta tem como base a utilização de energia solar contínua no espaço, reduzindo o impacto energético das operações em comparação com os modelos terrestres. Segundo projeções do setor, data centers orbitais ou lunares podem representar um avanço estratégico na redução de custos operacionais, principalmente com refrigeração e fornecimento energético, que hoje compõem até 40% do custo total de um data center tradicional.
O governo da Flórida já firmou acordo para utilizar os serviços da Lonestar, sinalizando interesse institucional em soluções espaciais para armazenamento. Além da Lonestar, empresas como a Starcloud pretendem lançar data centers em órbita terrestre a partir de 2026. A União Europeia também estuda a criação de uma rede com 13 satélites voltada à digitalização e sustentabilidade do setor público e privado europeu.
Apesar do avanço tecnológico, o modelo enfrenta restrições operacionais. Os desafios incluem os custos elevados de lançamento, complexidade na manutenção, riscos relacionados a detritos espaciais e latência elevada. Por isso, os especialistas apontam a aplicação inicial desses sistemas em tarefas que não demandam processamento em tempo real, como arquivamento de longo prazo e backups.
A limitação na oferta de computação ativa dificulta o uso em cargas de trabalho relacionadas à inteligência artificial, que dependem de alta performance e baixa latência. Ainda assim, a expectativa é que esses centros espaciais desempenhem papel relevante na próxima década, principalmente como parte de uma infraestrutura híbrida global entre terra, órbita e Lua.
Com o avanço das tecnologias de transmissão de dados e o crescimento de iniciativas espaciais privadas, a tendência é que o modelo ganhe escala. A perspectiva de um mercado orbital de dados já movimenta investimentos bilionários, com potencial de abrir novos segmentos em telecomunicação, cibersegurança e armazenamento soberano, especialmente em regiões com infraestrutura limitada.