Impressão além do papel
Enquanto a indústria do papel debate sobre uma futura crise, a segmento de impressão e criação já olha para novas mídias
Há alguns anos a Indústria de papel se prepara para uma crise anunciada. É fato que os meios eletrônicos e digitais vêm, gradual e rapidamente, tomando espaço da mídia impressa em vários segmentos, sobretudo no segmento promocional, publicidade e jornalismo.
A tempestade que se forma no horizonte da Indústria Papeleira não assusta somente as grandes fabricantes de celulose e papel. Também coloca em maus lençóis a Indústria de Impressão. Sim, por que o papel vem sendo, há séculos, a base para a tinta e para a impressão. Se essa mídia for trocada pelos meios eletrônicos, obviamente o impacto sobre a indústria de impressão será enorme, correto? Nem tanto…
Obviamente, a expansão e a gradual substituição da impressão em papel pelo digital e eletrônico é preocupante e fará com que a indústria gráfica se reinvente. A favor do digital, há inúmeros argumentos, incluindo custos. Porém, de uns anos para cá, a indústria impressora descobriu outros nichos para atuar, que não a impressão em papel. Eu me refiro à impressão em meios não convencionais, como vidros, portas, acrílico, alumínio, cerâmica e, mais recentemente, à promissora impressão 3D.
A tecnologia para suportar e viabilizar impressão em escala industrial em tais mídias já existe e cresce exponencialmente. Claro que, aqui, falamos num outro modelo de negócio, diferente da “tinta sobre papel” que se tornou o princípio da indústria de impressão por séculos
Refiro-me a um modelo de negócio arrojado que pode aliar design e tinta e oferecer resultado imediatamente pronto numa única etapa de impressão.
Ainda que o meio publicitário e criativo esteja descobrindo tal potencial muito lentamente, é fato que, num futuro não muito distante, a impressão sobre mídias não convencionais será a tábua de salvação para o negócio de muitas companhias.
Não é à toa que vemos fabricantes de equipamentos de impressão industrial UV marcando território em férias têxteis, cerâmicas, decorativas. Eles já vislumbram esse novo mercado e querem abocanhar sua fatia.
E os criativos? Bem, as agências ainda precisam fincar os pés nesse novo mundo, que, sem dúvida, oferece uma profusão de opções. Elas vão desde trabalhos artísticos impressos diretamente sobre peças cerâmicas, até a impressão realista de cenários em painéis que, literalmente, fazem o observador submergir no conceito e vivenciar, na pele, a experiência da imagem.
Alguns cinemas e galerias já aderiram a essa proposta. E a tendência é que isso se expanda para outros nichos.
O importante é ter claro na mente que, ainda que o papel perca espaço em determinadas aplicações da comunicação visual, a impressão está se reinventando rapidamente, e oferecendo um prato pronto àqueles que possuem criatividade para explorar esse novo mundo.