A Dock, plataforma de infraestrutura para pagamentos e soluções de banking as a service, firmou acordo para aquisição da licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) da DM. A operação, atualmente sob análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Banco Central, representa a entrada oficial da companhia no segmento de crédito, com o objetivo de diversificar os serviços financeiros ofertados aos seus clientes corporativos e parceiros.
A DM SCD encontra-se inativa, com a única finalidade de ceder sua licença regulatória à nova controladora. A transação não teve o valor divulgado, mas seu objetivo está claro no documento submetido às autoridades: permitir que a Dock atue diretamente na concessão de empréstimos, bem como na análise de crédito, agregando uma camada estratégica às soluções já disponibilizadas dentro do ecossistema financeiro.
Atualmente, a Dock processa mais de R$ 1,4 trilhão em transações por cartão e contabiliza mais de 75 milhões de contas ativas em sua base. Opera em mais de 11 países e recebeu, em 2022, um aporte de US$ 110 milhões de fundos como Lightrock e Silver Lake Waterman, com avaliação estimada em US$ 1,5 bilhão. Desde 2023, a empresa é regulada pelo Banco Central, e em 2024 passou a atuar como Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) via Pix no Open Finance.
Do outro lado da negociação, a DM — que tem como investidor principal a Vinci Partners — vem promovendo reestruturações e aquisições no setor, incluindo a compra da Credz. A companhia busca se posicionar como instituição referência para o público de baixa renda, com plano de dobrar sua base de clientes e alcançar receita bruta de R$ 8 bilhões até 2026. A venda da licença SCD faz parte da estratégia de racionalização do grupo, permitindo foco nas unidades operacionais principais e na busca por maior eficiência estrutural.
Com a incorporação da licença, a Dock passa a competir diretamente em um setor que movimentou mais de R$ 500 bilhões em concessões de crédito em 2024, segundo dados do Banco Central. A tendência de digitalização da oferta de crédito, somada ao avanço do open finance, torna o movimento relevante tanto do ponto de vista estratégico quanto comercial.